A ashwagandha, também chamada de ginseng indiano, é uma planta que tem conquistado cada vez mais adeptos no Brasil. Vendida em cápsulas, ela é divulgada como um alimento que combate a insônia, o estresse e a ansiedade. Contudo, especialistas alertam para os riscos do uso indiscriminado, principalmente sobre os possíveis danos hepáticos.
O que é a aswagandha?
A ashwagandha é uma planta tradicional da medicina ayurvédica e tem se popularizado pelos efeitos no controle de estresse e ansiedade. Entre seus famosos defensores está a modelo Gisele Bündchen, que revelou em entrevista em novembro à Women’s Health usar o suplemento há mais de dez anos e seguir com ele mesmo em suas gestações.
A planta de fato pertence à categoria das adaptógenas, grupo que auxilia o corpo a lidar com marcadores de ansiedade. Ela, no entanto, não é capaz de reduzir sozinha o cortisol, propriedade pela qual costuma ser vendida.
A planta é comumente encontrada em duas formas: em pó ou cápsulas. A dosagem média recomendada varia entre 300 e 600 mg de extrato seco, divididos em uma ou duas doses diárias. Especialistas alertam que o uso deve ser moderado, pois excessos podem resultar em efeitos adversos, como náuseas e diarreia.
Efeitos benéficos, mas limitados
Alguns estudos já comprovaram que a planta é rica em trietilenoglicol, um composto que pode induzir o sono. O nome científico dela, Withania somnifera, inclusive, remete a este efeito já conhecido da planta há milênios.
Tal capacidade, entretanto, não é sinônimo de que ela seja a planta anticortisol, como se fosse capaz de limitar a ação do hormônio no organismo, como costuma ser vendida na web. Na realidade, ela atua em outros hormônios, induzindo o relaxamento. Mas o estresse crônico não é controlável apenas com fitoterápicos ou mesmo com medicações, sendo necessárias mudanças mais amplas de vida.
“A ashwagandha não tem estudos tão robustos, mas há pesquisas que mostram que ela de fato pode induzir uma modulação hormonal. Ela atua especialmente no CRH. O efeito da planta no cortisol, portanto, é resultado de uma resposta em cascata, dependendo de uma série de fatores e atuando de formas diferentes em cada indivíduo. No entanto, em alguns estudos, ela mostrou uma redução de até 23% dos níveis de estresse”, explica o endocrinologista Jorge Yamamoto, de Uberaba (MG).
Cuidados com os excessos
- Controle a dose: a recomendação diária é que não se ingira mais de 600 mg da planta.
- Pessoas que fizeram uso de mais de 1,3 mil mg da planta por dia foram as mais suscetíveis a efeitos colaterais graves.
- A planta possui propriedades calmantes, mas não substitui medicações recomendadas por médicos.
- Antes de incluir suplementos na rotina, mesmo os fitoterápicos, é recomendado consultar um médico para avaliar as possíveis interações.
- No caso da ashwagandha, por exemplo, os tratamentos de distúrbios da tireoide e de doenças hepáticas podem ser prejudicados.
O consumo indiscriminado pode ser perigoso, especialmente para gestantes, lactantes e pessoas com sistema imunológico enfraquecido. Além disso, indivíduos com distúrbios tireoidianos devem ter cuidado, pois a ashwagandha pode estimular a produção de hormônios da tireoide, agravando casos de hipertireoidismo.
Em setembro de 2024, o Instituto Federal Alemão de Saúde emitiu um alerta sobre o uso de ashwagandha, pelo potencial risco ao corpo. “Os efeitos agudos relatados do uso de suplementos contendo ashwagandha incluem queixas digestivas como náuseas, vômitos e diarreia, bem como sonolência, dores de cabeça, tonturas e erupções cutâneas”, alerta a autoridade alemã.
“A suplementação não é uma solução mágica, mas pode ser uma ferramenta poderosa quando usada de forma estratégica e integrada a um estilo de vida saudável”, aponta o cardiologista Annibal Barros Junior, que atua também com nutrologia. Para ele, a supervisão médica é fundamental ao adotar qualquer suplemento, incluindo a ashwagandha, para evitar os efeitos adversos.
Danos raros no fígado
Estudos apontam que há registros de danos hepáticos em alguns usuários. Uma investigação de agosto de 2024 incluiu o suplemento entre os seis mais arriscados para a saúde do órgão, sendo o terceiro com casos mais frequentes mesmo com o consumo bem menor do que os dois primeiros fitoterápicos: cúrcuma e chá verde.
O estudo apontou o registro de cinco casos de lesões no fígado de pacientes que consumiram grandes quantidades da planta.
A planta contém diversos compostos ativos, como alcaloides e esteroides lactonas, cujos impactos no organismo ainda são pouco compreendidos. A pesquisa sobre os efeitos a longo prazo da erva continua a ser uma área de interesse para cientistas e autoridades de saúde.
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